quinta-feira, 10 de maio de 2018

O livro roubado

A Caverna é o livro que iniciou minha paixão pela literatura de José Saramago, e ela tem uma longa história. Vou contar porque é bonita.

A Caverna, como começou
Logo que meu pai morreu eu sonhei com ele. Nesse sonho meu pai me disse para ler um livro do José Saramago e então quando acordei, procurei descobrir quem era esse escritor.
Ao falar com uma amiga, ela me emprestou A caverna, e eu comecei a ler. Porém na época, como era de se esperar, não consegui me concentrar em seu modo de leitura. Saramago tem um jeito peculiar de escrever, misturados a gírias, expressões portuguesas, modos e estilos. É um tipo de texto que é necessário atenção para que seja compreendido em plenitude.
Pois bem, desisti. Mas, logo pensei que não deveria desistir do escritor, pois sonhei, e levo meus sonhos à sério.

Comecei a leitura de outros livros, o primeiro é o Memorial do Convento e daí se seguiu História do Cerco de Lisboa, Todos os Nomes, Ensaio Sobre a Cegueira, entre outros... Montei minha biblioteca com alguns de seus livros, o melhor, até hoje? O Evangelho Segundo Jesus Cristo.
No ano passado fui visitar uma linda praia e fiquei hospedada em uma casa que ficava na beira do mar.
Nesta casa havia uma biblioteca abandonada, os livros jogados de qualquer maneira, a leitora não residia na casa, e os atuais residentes descuidavam desse espaço.
Tenho essa mania de querer ver as coisas em ordem. Tenho esse espírito virginiano de achar que, em melhorando o espaço, as coisas todas se ordenam. Pois fui organizar os livros, desempoeirá-los, colocar todos em uma ordem, a minha.
Quando percebi, havia muitos livros do Saramago, e entre eles, A Caverna.
Era o livro simbólico, por onde tudo começou. Decidi começar sua leitura.
Nos braços do meu então companheiro, bastava eu olhar pela janela que ali estaria o mar. E então, muitas lágrimas caíram pois o livro era outro! Não era o mesmo livro de difícil leitura de muitos anos atrás. Era sim, uma literatura que queria me dizer algo. Assim eu supunha, pois havia sonhado com o escritor, e procurei saber o que este livro tem a me dizer.
Como tenho essa tendência a deixar as coisas pela metade, larguei o livro de mão logo e voltei para a vida na capital .
Mas o livro veio junto comigo e ficou ali à espera de sua leitura. Prometi para mim que o devolveria após sua leitura, mas sinceramente, não sei como irei fazer isso. Um dos motivos é que ainda não o terminei.
Por incrível que pareça, o livro ainda está sendo lido. E, na época de sua partida da estante, jamais imaginaria que um dia estaria cursando Letras na federal, que estaria cursando a faculdade para a qual talvez (talvez) eu tenha sido destinada e que hoje é como um alívio para meu mundo.
Quando escolhi fazer a cadeira Estudos de José Saramago, percebi que uma das leituras obrigatórias é este livro. E estou em plena leitura, faltando apenas algumas páginas para seu final.
Agora, minha visão sobre seu significado é completamente outro. E a curtição é muito maior.

A História

O livro conta a história de um pai e uma filha. Ele é um oleiro e tem uma filha, um genro e logo encontra um cão. A filha neste ponto do livro está grávida. O conflito acontece em torno do Centro Comercial, que é um espaço que praticamente o obriga a questionar seu modo de vida, pois sua profissão agora se torna obsoleta. As pessoas trocaram os utensílios de barro pelos objetos plásticos e descartáveis.
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