quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Memento Mori

Essa frase, do Latim, significa "Recorda que irás morrer". Algumas pessoas interpretam como "momento da morte" pois foram associadas às fotografias feitas na época Vitoriana, no momento da morte ou enterro de alguém.
Era um ato de homenagem aos mortos. As suas coisas eram reunidas em sua volta, como brinquedos, livros, até animais de estimação eram fotografados em seu féretro, deitados em um sofá, ou com familiares.
Eu não acredito na explicação que muitos usam, de que a fotografia era caríssima naquela época e que só por isso os mortos eram fotografados.
Pois bastaria fotografar as pessoas em outro período qualquer. O gasto seria o mesmo. E, de qualquer forma, pelos cenários de tais imagens, não consigo imaginar que aquelas pessoas fossem pobres. Muitas fotos eram feitas em estúdio com toda preparação.
Não. O motivo de tais fotos, por mais que hoje se queira negar, é simplesmente uma homenagem fúnebre, uma lembrança post mortem.
Hoje as pessoas, especialmente aqui no Brasil, entram naquela coisa carola de ir no cemitério somente nos finados, morrendo de medo de um dia estar lá, no mesmo lugar que seus familiares já postos. Não elaboram a morte, não pensam nisso um dia sequer e ao contrário, a negam como se a vida fosse eterna, ou iludem-se com promessas de outras vidas, outros mundos.

A morte, essa coisa seca e presente, esse nada poético, a fuga desse inferno, é negada como se não existisse.
Se hoje, ao morrer alguém, jogamos fora todas as suas coisas e até tem aqueles que acham que dá azar guardar coisas de defuntos, naquela época conviver com a morte e com os mortos era muito mais normal. Bebês nasciam e morriam aos milhares, pessoas morriam muito jovens, e a morte era companhia diária.
Hoje ela ainda nos acompanha. Aliás, mora dentro de cada um de nós.
Há um ano atrás encontrei no lixo uma caixa de fotografias de uma mulher morta. Havia toda sua vida ali. Desde seu nascimento, viagens pelo mundo, filhos, festas, cartas, até sua velhice e por fim a fotografia de sua lápide, o que me deu certeza de que era um descarte por essa razão.
Isso na época vitoriana seria uma ofensa terrível, pois era natural conviver com os pertences dos mortos.
Algumas fotos que circulam na Internet são atribuídas como se fossem post mortem e não são. Por isso escolhi apenas as que dá para ter certeza. Mesmo assim esta última me deixa dúvidas. De todo modo, como suas mãos estão na posição clássica dos mortos, pode ser sim. 
Existem diversos tipos dessas fotos, algumas muito tristes, outras assustadoras. Anos atrás, dediquei bom tempo a pesquisar sobre esse assunto. E deixo aqui a música de um cantor que ouvia muito naquela época e que de alguma forma associei ao sentimento que me invade toda vez que olho para essas fotos.

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