quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Flores roxas, meu presente

Quase consigo fingir que não sei,
quando percebo minha frieza - a minha única arma -
quando percebo que tudo muda, 
e você se desmancha em emoção. 

Ignoro, olho para o lado. 

Não quero ver quem me quer tão bem.
Não creio haver sentido, em um sentimento que sempre foi apenas meu.
E agora o vejo refletido.

Preciso partir, meu sonho.
Você me carrega em seus pés, os cabelos vermelhos, as palavras que eu esqueci, 
de tão importantes que eram, para mim.

Te abracei, e sobre teus pés, andei assim, como uma criança.

Eu só andava, passo a passo, pés sobre pés, o poema assim construído
dentro de meus olhos fechados - o sonhar.
Preciso ir, 
nasci, para em seguida fenecer.
Essa cor verde que me impressiona, 
esse jeito de chorar.
Aquelas flores mortas, as saudades, o presente,
tudo tão triste.

Foi o lugar, foi a cidade, a metrópole dos mortos.

A janela aberta para o silêncio do lago,
um cemitério de lembranças,
ele tão quieto - a minha distância interior.
Porque a melancolia tem essa coisa que me devasta por dentro.

Eu preciso abrir os olhos, eu preciso acordar.
Nossos dias nos matam, eu sei.
Mas isso não é suficiente.

Chorei, quando te conheci. Porque sabia que não seria fácil. Porque sabia que meu mundo se quebraria, com o ruído do seu caminhar.

Ellen Augusta
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